Torcedores de Garantido e Caprichoso sofrem nas filas

Desde as 19h de ontem (27) começou a se formar filas ao entorno do Bumbódromo. Por volta de 9h da manhã de hoje (28), a fila estava quilométrica. Mesmo animados e o desejo de proporcionar um espetáculo nas arquibancadas e contribuir com os Bumbás de preferencia, milhares de torcedores reclamavam da falta de estrutura que pudesse atender as necessidades fisiológicas da multidão.

Muitos utilizam os muros, outros conseguem fazer amizades com os donos das casas e utilizam os banheiros dos vizinhos do Bumbódromo. Segundo os torcedores, vale tudo para chegar na arquibancada escolher o melhor lugar e torcer para que seu Bumbá seja o campeão.

Torcedores enfrentaram o frio da noite e um sol que ultrapassa os 30º C. Muitos reclamaram que as melhorias feitas no Bumbódromo que consumiu 42 milhões de reais, deveria dar o mínimo de comodidade a eles. “Gastaram tanto dinheiro, mas só em benefício dos bacanas. Prometeram que após a reforma, não precisaria mais ter fila para as arquibancadas, mas pelo que vimos isso não aconteceu”, lamenta a manauara Maria do Socorro Silva.

     Louco torcedor

A senhora Liliane Goreth Oliveira, 42, junto com amigos foi a primeira a chegar na fila, por volta de 19h de ontem (27). “Somos do grupo Louco Torcedor, do Garantido, e cumprindo a tradição do grupo dormir na fila para torcer das arquibancadas, chegamos primeiro e vamos fazer a festa”.

Goreth que é parintinense e desde os 12 anos mora em Manaus revela que todos os anos vem torcer pelo Garantido. “Venho todo ano para torcer pelo meu Boi do coração. O Louco Torcedor é aquele que passa sol, chuva, passa fome na fila e aguenta tudo para vibrar pelo nosso capucho de algodão que é o Garantido, nosso boi de paixão, nosso brinquedo, faz loucuras inexplicáveis”.

De acordo com ela, os governantes devem saber que, a galera é um item importante, porém é o que mais sofre para chegara nas arquibancadas. “Estamos que nem bicho nas baias, enquanto deveríamos está lá dentro, nós somos importantes quanto os outros itens, e cadê os nossos direitos? Não temos direito nem de beber água, não tem banheiros. Alguém precisa ver isso, já pensou os bois sem as galeras, seria o fim do festival. Ninguém paga o item 19, pois o amor ao Garantido é inestimável, mas precisamos de respeito”.

Energia azul

Izolda Mota, 32, torcedora do Caprichoso e mora em Manaus, foi a primeira a chegar na fila do lado azul, a 1 hora da manhã de hoje (28). “O cansaço que acumulamos durante o dia vira animação quando anunciam a apresentação do Caprichoso. Não sei de onde sai tanta energia, o certo é que ficamos quietos até a hora do Boi entrar, a meia-noite, e conseguimos fazer aquele maravilhoso espetáculo que só a galera do Caprichoso sabe fazer. “É pena que mesmo após tanto dinheiro gasto, o conforto é para os bacanas, nós que somos o item principal que faz os outros e o Boi evoluir melhor e obter a nota maior, não fomos beneficiados em nada. Não tem banheiro fora, homem ainda dá um jeito e a mulher? Aí fica difícil”.

Ataíde Tenório