segunda-feira, 8 de julho de 2013

Pequenos extratores de madeira lutam por legalização e cobram dos governos liberação de projetos simplificados


         Extratores cobram do poder público agilidade na legalização de terras e liberação de projetos

Pequenos extratores de madeira da região do Baixo Amazonas cobram do Poder Público, agilidade na legalização de terras e liberação de projetos de manejo simplificado para sair da ilegalidade. Eles denunciam que agentes do governo estariam monopolizando venda de madeira na região e cobram providências para o caso. Jaime Souza Soares, 52, morador da comunidade São Tomé de Mocambo do Arari, junto com 70 famílias espera a liberação de 70 projetos de manejo florestal simplificado, mas, a falta de agilidade do secretariado e funcionários governamentais é grande e prejudica a aprovação de projetos. “Se cada diretor e funcionário do Iteam, Ipaam, Ibama e idam deixassem o arcondicionado e realizassem suas funções, seria diferente, porém,  mais de 90% da madeira utilizada em Parintins é ilegal. Isso é ruim para o governo que não arrecada impostos e para o pessoal que tenta legalização. Só é bom para quem vive da ilegalidade”, afirma.

       Jaime Souza é morador do Mocambo do Arari

O interiorano assegura que técnicos se prontificam, mas não conseguem realizar os trabalhos. “A empresa Andrade Gutierrez, durante a obra do Linhão de Tucuruí destruiu a estrada e nem as máquinas conseguiram chegar ao local. Se os projetos de manejos forem aprovados e houver organização e consciência dos extrativistas no aproveito das riquezas disponíveis na área, o local tem potencial para uma renda de quase 9 milhões por ano, sem destruir a natureza”, lamenta.

          Trabalho e dignidade

    Salomão dos Santos luta para que o povo trabalhe com dignidade

Salomão dos Santos, 41, luta para que o povo da região do Mocambo trabalhe com dignidade sem precisar se esconder dos órgãos ambientais. “Conheço o dia, dia de quem trabalha ilegal, desde os 15 anos acompanhava meu pai tirando madeira clandestina por que não tínhamos alternativa de renda, hoje luto para mudar isso”.
Salomão pede ajuda dos colegas na luta pela legalização das terras e dos projetos e acredita que se os governos estadual e federal fizessem com que as instituições funcionassem, os projetos de manejos já estariam liberados. “Sei que o trabalhador não gosta de ficar se escondendo. Muitos fazem por necessidade. Isso eliminaria os atravessadores, os preços dos produtos melhorariam, os lucros poderíamos investir e fortalecer a agricultura na área, e teríamos uma vida digna”.
Ele confessa que não aguenta ver o abandono da agricultura familiar em Parintins, e no interior quem não produz algo, não tem perspectiva de ganho. “O poder público municipal, estadual e federal abandonaram o interior, por isso, muitos trabalham ilegal, afinal, é preciso sobreviver. A prova da inabilidade governamental é que estamos há 4 anos esperando a liberação dos projeto de manejo florestal e somente 2 foram liberados”, reclama.

                 Luta


     Cidadão de Boa Vista do Ramos luta pela legalização

 Um cidadão que não quis se identificar trabalha na região de Boa Vista do Ramos, e ao longo dos anos junto com colegas, luta pela legalização de projetos de manejo florestal naquele município. “Infelizmente lá muita gente trabalha na ilegalidade, e para piorar, o técnico florestal, o Trindade, monopoliza a compra e venda da madeira legal e ilegal na região”.
Ele argumenta que a atitude do funcionário é uma derrota para os trabalhadores “Pega contrato com madeireiros e empresários para retirar madeira ilegal e vender em Boa Vista e Maués. Queremos que a situação chegue a conhecimento do gerente geral do Idam do Amazonas”.
De acordo com ele, para que casos como esses não aconteçam, o governo estadual deveria organizar seminários e oficinas que envolvessem agentes dos órgãos e trabalhadores rurais. “Durante os debates todos colocariam as dificuldades e as situações vividas. Em Boa Vista do Ramos, na parte florestal, o Trindade toma conta e manda em tudo, inclusive na Associação Caf, criada por um pessoal de lá mesmo e tudo que os sócios conseguiram, é ele quem manda”, garante.

                 Intermediação

     Boa Vista do Ramos é a região que mais se trabalha com madeira ilegal diz um funcionário

Trindade que atua em Boa Vista do Ramos desde 2003, negou as acusações contra ele e admitiu que medeia negociação entre empresários e pequenos extratores e realiza projetos comunitários no município. “Na região é onde mais se trabalha com madeira ilegal. Desde que cheguei em Boa Vista, comecei a pregar a legalização dos pequenos extratores e hoje faço projetos de manejo simplificado. Jamais trabalharia de outra maneira estando em uma instituição como o Idam. Meu trabalho gerou desconfiança nas pessoas que trabalhavam ilegais”.
O profissional comenta que pregou passo a passo sobre madeira legal e tentou acabar com a prática nas comunidades. “O cara com R$50 comprava uma árvore, ou trocava por comida, mudamos isso através de cursos e temos em Boa Vista 55 planos de manejos”.
O técnico reclama que o Ibama de Parintins, nunca fiscalizou naquela cidade, o que ajuda para ilegalidade e que madeireiros da Ilha levam propostas de comprar madeira ilegal. “Acompanhamos os pequenos extratores para que a venda seja feita legalmente, isso causa ciúme nos viciados em vender madeira ilegal. Se os órgãos fiscalizadores atuassem, eu não estaria sendo denunciado por fazer meu trabalho. Desde que comecei a pregar o plano de manejo e a legalização, incomodou muita gente e alguém hoje tenta me prejudicar, mais não vou parar com meu trabalho”, finaliza.

  Ataíde Tenório

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