segunda-feira, 29 de julho de 2013

Promotor André Seffair contesta a eficácia do programa Ronda no Bairro


 Após analisar os dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-Am), que o número de homicídios baixou no Estado com a implantação do programa Ronda no Bairro, o promotor André serffair contesta a eficiência do Programa.
Em entrevista ao Jornal Gazeta Parintins, ele teceu um diagnóstico da política e da segurança pública no país, e diz: se o Governo do Estado quiser, resolve o problema da violência e ameniza de imediato os assaltos em Parintins.
De acordo com Seffair, nos dados apresentados no diagnóstico de 2012 sobre criminalidade do Estado pela SSP-Am, o número de homicídios diminuiu em todo o Amazonas, mas na Capital aumentou.
Ele afirma que no interior do Estado  houve 122 homicídios em 2011 e diminuiu para 92 em 2012 . Mas em Manaus houve de 925 em 2011 para  947 em 2012. No interior, o número caiu em 30 e na capital subiu para 22 mortes.
“A diferença foi de menos 8 homicídios de 2011 para 2012 no Amazonas, mas a divulgação manipula os dados verdadeiros. Em todo Estado houve a diminuição nas ocorrências de homicídios, mas não comprova a eficiência do Ronda no Bairro”, revela o promotor.

                   Criminalidade


André revela que na Capital onde o Ronda no Bairro está instalado, aumentou a criminalidade o que não quer dizer que o Programa é ruim, mas em combate aos homicídios, não conseguiu um resultado positivo em 2012, e esparra que consiga em 2013.
“Sou um entusiasta da segurança pública bem feita, mas, só o policiamento não consegue resolver os homicídios considerados crimes complexos. Sei da necessidade do governo mostrar à população que seus programas são eficientes e não estou dizendo que não são, mas não se pode manipular informações para dizer que o programa é eficiente por que não é verdade”, afirma o Agente da Lei.
Ele afirma ainda que o insucesso do Programa no combate a homicídios em Manaus não é culpa do policial nem do Secretário de Segurança, mas de outras dinâmicas determinantes.
Para Seffair“Um exemplo gravíssimo e só acontece no Brasil, é que temos uma laranja cortada ao meio, a Polícia Civil (PC) e a Polícia Militar (PM). Uma vai para a rua e outra faz inquérito. O Brasil precisa de um policiamento de ciclo completo. A PM que está nas ruas deveria investigar determinados crimes, dos mais graves a PC cuidaria”.

                  Aposta

Ele aposta que assim haveriam repartições com competências atribuídas e entendimento entre as polícias. “Um exemplo é a questão do roubo em Parintins, as investigações poderiam facilmente prevenir as ações dos indivíduos”.
O agente reclama que a PC deveria investigar roubos de dinheiro público junto com o Ministério Público, e assegura que o problema da Segurança Pública é uma doença social.
“Essa doença produz feridas que são os criminosos. A sociedade entende que a ferida tem que ser maltratada, ao invés de tratada. Os seres humanos são jogados nessas jaulas chamadas presídios que não recuperam ninguém, aliás, saem de lá pior”, garante Seffair.
O Promotor lamenta que “a sociedade quer matar o elemento porque é pobre, pois quem assalta é pobre, assim teria uma faxina ética no Brasil, a faxina social, pois o grande pecado é ser pobre. O rico comete crime de colarinho branco e não vai pra cadeia, frequenta os mesmos ambientes que agente e pior, é aplaudido”.

                 Redução

Segundo ele, em Parintins, essa ferida reduziria com políticas de prevenção, pois, por meio de um estudo diminuiu de 15 a 25 anos, para 15 a 22 anos a idade dos indivíduos que estão indo as ruas assaltar. “São jovens em formação. Se houvesse políticas de inclusão social como esporte, lazer e cultura, a situação mudaria. Se um desses jovens fizesse mal para a família de alguém a reação seria de mata-lo, mas o Estado não pode reagir como ser humano, e sim com estratégias para recuperar esses jovens”.
Outra estatística em Parintins é que de cada 10 assaltos cometidos, sete são por reincidentes, pessoas que foram presas, mas passaram por um sistema incapaz de recuperá-los.
“Isso é complexo, mas a verdade é que recuperar seres humanos não dá votos, o que dá votos é ir para tribuna e dizer que o criminoso é vagabundo e deve morrer. Estamos travando uma guerra imaginaria e o inimigo é a própria sociedade” lembra.
Para o promotor, muitos políticos aqui, no Amazonas e em todo Brasil deveriam estar presos. “Já roubaram muito dinheiro público e não foram punidos porque temos um Sistema Judicial e Processual perverso que não pune os ricos. Quantos crimes estão impunes por causa disso no Brasil?”

                 Trabalho

         Desde o ano passado o Programa é promessa do Governador para funcionar em Parintins

Seffair adianta que faz sua parte, mas, o sistema é maior do que o trabalho que realiza. “Esse resultado é produzido independente daquilo que coloco. As políticas são equivocadas e muito dinheiro público vai pelo ralo, tanto na segurança publica quanto na infraestrutura. Em Parintins a pauta é festa, a cidade esta ruim, mas houve festa no Mocambo, falta merenda nas escolas, mas o Carnailha foi lindo, tem faminto, mas o festival foi maravilhoso”.
Para ele, enquanto a população aplaudir essas atitudes, os absurdos vão continuar, já que as políticas no Brasil são demagógicas. “O Brasil demonstra não querer isso e está indo às ruas, mas precisamos canalizar e colocar pessoas de bem na política para que se consiga fazer diferente e de forma concreta”.
André Seffair lamenta que, “a presidente Dilma ha um mês quando o caldo entornou, não chamou o Ministro da Justiça, nem o Ministro da Saúde ou da Educação, chamou o marqueteiro João Santana, o colocou no avião e foi discutir com o ex-presidente Lula, o que tinha que fazer no meio dessa babuja”.
“Esse marketing exacerbado faz com que pessoas sem conteúdo se tornem prefeitos, governadores e presidentes. Isso causa uma tragédia no país. Eles não elaboram políticas publicas, mas estratégias para se manter no poder”, finaliza Seffair.

Ataíde Tenório


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