segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Lideranças indígenas se reúnem em Assembleia Geral no Alto Nhamundá

                            O tuxaua Hixkariana da aldeia Torre, Ademar Amotxo 

Tuxauas e lideranças das etnias Hixkariana, WaiWai, Kaxiwyana, SateréMawé e Kahyna, vão participar de Assembleia Geral que acontece dia 4 de outubro, na aldeia Torre, Alto Nhamundá. Na reunião serão discutidos demarcação e homologação de terras indígenas e a volta da Coordenadoria Regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) para Parintins.
O tuxaua Hixkariana da aldeia Torre, Ademar Amotxo, afirma que o encontro deve reunir todos os tuxauas e lideranças das cinco etnias e as demandas apresentadas serão enviadas a Funai para serem implementadas nas aldeias. “Estamos lutando por nossos direitos e nessa Assembleia vamos exigir a homologação e demarcação de nossas terras. Essa legalização é preciso para evitar a invasão de madeireiros, garimpeiros, caçadores, pescadores e outras pessoas que insistem em invadir nossas matas, lagos e igarapés”, enfatiza.
Amotxo afirma que as invasões das terras indígenas pelos brancos causam destruição e doenças na região. “Invadem, devastam, poluem e prejudicam todo povo das aldeias. Precisamos da natureza para viver em paz e fazer nosso roçado, plantar, caçar e estar tranquilo para sustentar nossas famílias”.

Realidade

O indígena afirma que nas aldeias não existe água tratada (poço artesiano), e tomam água direto dos rios e igarapés, mas, o lixo jogado pelos invasores contamina as matas e rios causa sofrimento as crianças e adultos. “Quando não havia invasores, nosso povo não adoecia tanto. Exigiremos a volta da coordenadoria da Funai para Parintins. Quando a administração estava aqui, eram desenvolvidos alguns projetos e agora não funciona. Com a coordenação em Manaus, tudo ficou muito difícil para nós. As demandas da reunião serão enviadas a Brasília para que nossas reivindicações sejam atendidas”, garante Ademar.
Segundo o indigenista Rafael Hyenzer, que atua no escritório local da Funai, tecnicamente as áreas das etnias já foram demarcadas, porém, aos indígenas interessa ter as garantias legais. “Eles precisam da última fase do processo de regularização fundiária das terras que é a parte de homologação via decreto presidencial. A fase de contestação da justiça e a demarcação das áreas já foram feitas, mas na prática, para os indígenas não está demarcado. Para eles interessa o documento de homologação”, enfatiza.

                    Mudança

            Indigenista Rafael Hyenzer, que atua no escritório local da Funai


Segundo Rafael, a Funai mudou a forma de trabalho baseada em novas coordenações técnicas locais e regionais, mas com a nova estrutura, ainda não conseguiu se viabilizar para funcionar. “Antes os indígenas podiam conversar com os chefes da Funai, agora não conseguem. Infelizmente a regional daqui quanto as outras no Brasil estão com as mesmas dificuldades por estarem em fase de estruturação interna. Para quem está na base tentando resolver os problemas, vê que nada está funcionando, e isso preocupa, mas estamos na batalha tentando agilizar as coisas para que a Funai volte a funcionar”, garante Hyenzer.

Ataíde Tenório

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