Exploração ilegal de madeira é
constante e moradores não encontram apoio para combater a devastação
Moradores da agrovila Caburi e do rio
Uaicurapá denunciam exploração ilegal de madeira nessas regiões e que estariam
sofrendo ameaças de morte por parte de exploradores. Eles se dizem tristes por
não encontrarem apoio para combater a devastação ao recorrerem ao escritório
local do o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama). Um morador da “Cabeceira do Traíra”, no rio Uaicurapá, que
preferiu não revelar o nome por medo de represália esteve na manhã de
segunda-feira (3) na agência do Ibama para denunciar sobre a retirada de todo
tipo de madeira de lei das matas. Ele deixou o Ibama triste por não ter as
reivindicações atendidas e afirmou que os devastadores estariam se fingindo de
religiosos e ludibriando evangélicos das comunidades da área para cometer
crimes ambientais.
Fracasso
Segundo o denunciante, além de
derrubar centenas de árvores, a ação dos madeireiros espanta os animais da
região. “Existem pelo menos 30 homens trabalhando direto com motor serra,
trator, serra para fatiar e toda semana retiram dezenas de metros cúbicos de
madeira. Além da devastação, isso está assustando as caças, precisamos pegar um
bicho para o sustento da família, não podemos porque o barulho das máquinas
espantam as caças. Fiquei triste porque soube que o Ibama tem dificuldade para
realizar fiscalizações”.
Durante a conversa informal no órgão
ambiental, o cidadão foi orientado por um dos agentes a formalizar a denúncia,
mas confessou a reportagem que não fez porque teve medo de revelar o nome. “O
agente pediu que eu fizesse denúncia escrita assinando meu nome, mas os
madeireiros comentam que ficam sabendo quem denuncia, por isso fiquei com medo
e somente citei o nome deles. Fiquei triste porque não encontrei ajuda para
combater o crime que eles vêm cometendo na minha região”.
Ameaças
Outra denúncia de extração ilegal de
madeira chegada ao Ibama na segunda-feira (3) partiu de uma moradora da
comunidade Santa Terezinha, região do Caburi. Segundo ela, os madeireiros
naquela área ameaçam matar as pessoas se intervirem na atuação deles. “Um
morador quer vender o terreno e deixar o local porque ameaçou denunciar a
família “dos trezentos” que devastam a região e passou a receber ameaça de
morte”.
A cidadã revela que a maioria dos
madeireiros é membro de uma família recém-chegada na região, demonstram ser
violentos e invadem os terrenos dos moradores e não gostam de ser importunados.
“Esse pessoal é metido a brabo e ameaça pessoas de morte. Eles pensam que são
donos de tudo, entram nos terrenos dos moradores e cortam toda madeira que
encontram. Se o pessoal for reclamar eles põe marra, agora estão devastando o
terreno da comunidade”.
Ela veio a Parintins pedir ajuda dos
órgãos competentes para que tomem providências antes que ocorra uma tragédia na
comunidade. “Vim pedir socorro ao Ibama para que vá até o local fazer uma
fiscalização. Nunca tivemos esse tipo de problema, agora esse povo chega sei lá
de onde, invade nossas terras, devasta as matas e provoca medo. Se os fiscais
forem lá vão comprovar que eles trabalham o dia inteiro e muitas vezes entram
pela noite cortando madeira”.
Estrago
A interiorana lembra que além da
devastação, os saqueadores da floresta estragam muita madeira e já fizeram
picos por traz do terreno da comunidade e outro que já atinge a região do
Aduacá. “Em toda essa área se observa uma verdadeira devastação. O pior é que
eles só aproveitam o âmago das árvores, o resto que poderia ser aproveitado em
forros de casas e muitas outras coisas jogam tudo. No meio daquela floresta se
vê rastro de destruição e muito resto de madeira apodrecendo”.
O agente federal do Ibama, Geraldo
Silva Santos, revelou a reportagem que após a denúncia houve uma mobilização
dos agentes na tentativa de conseguir apoio junto a outras instituição para
irem até a região averiguar o caso. “O cidadão veio denunciar e ficou de trazer
documento para oficializar, mas não retornou”.
A reportagem informou ao agente ambiental que o
cidadão denunciante explicou que não oficializou a denúncia por medo de sofrer represálias. Mas o agente garantiu que as pessoas podem
fazer as denúncias por escrito e trazer ao Ibama, e afirma, "nós garantimos que o nome
do denunciante será mantido em sigilo. E mesmo sem a oficialização da denúncia, assim que
conseguirmos barco e combustível, vamos averiguar o caso na região do Uaicurapá
e Caburi também”, garantiu Geraldo Santos.
Ataíde Tenório (ataidetenorio1@hotmail.com)
Fotos: Arquivo Gazeta Parintins
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