sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Crime ambiental e ameaça de morte no Caburi e Uaicurapá

        Exploração ilegal de madeira é constante e moradores não encontram apoio para combater a devastação

 Moradores da agrovila Caburi e do rio Uaicurapá denunciam exploração ilegal de madeira nessas regiões e que estariam sofrendo ameaças de morte por parte de exploradores. Eles se dizem tristes por não encontrarem apoio para combater a devastação ao recorrerem ao escritório local do o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Um morador da “Cabeceira do Traíra”, no rio Uaicurapá, que preferiu não revelar o nome por medo de represália esteve na manhã de segunda-feira (3) na agência do Ibama para denunciar sobre a retirada de todo tipo de madeira de lei das matas. Ele deixou o Ibama triste por não ter as reivindicações atendidas e afirmou que os devastadores estariam se fingindo de religiosos e ludibriando evangélicos das comunidades da área para cometer crimes ambientais.

Fracasso

Segundo o denunciante, além de derrubar centenas de árvores, a ação dos madeireiros espanta os animais da região. “Existem pelo menos 30 homens trabalhando direto com motor serra, trator, serra para fatiar e toda semana retiram dezenas de metros cúbicos de madeira. Além da devastação, isso está assustando as caças, precisamos pegar um bicho para o sustento da família, não podemos porque o barulho das máquinas espantam as caças. Fiquei triste porque soube que o Ibama tem dificuldade para realizar fiscalizações”.
Durante a conversa informal no órgão ambiental, o cidadão foi orientado por um dos agentes a formalizar a denúncia, mas confessou a reportagem que não fez porque teve medo de revelar o nome. “O agente pediu que eu fizesse denúncia escrita assinando meu nome, mas os madeireiros comentam que ficam sabendo quem denuncia, por isso fiquei com medo e somente citei o nome deles. Fiquei triste porque não encontrei ajuda para combater o crime que eles vêm cometendo na minha região”.

Ameaças

Outra denúncia de extração ilegal de madeira chegada ao Ibama na segunda-feira (3) partiu de uma moradora da comunidade Santa Terezinha, região do Caburi. Segundo ela, os madeireiros naquela área ameaçam matar as pessoas se intervirem na atuação deles. “Um morador quer vender o terreno e deixar o local porque ameaçou denunciar a família “dos trezentos” que devastam a região e passou a receber ameaça de morte”.
A cidadã revela que a maioria dos madeireiros é membro de uma família recém-chegada na região, demonstram ser violentos e invadem os terrenos dos moradores e não gostam de ser importunados. “Esse pessoal é metido a brabo e ameaça pessoas de morte. Eles pensam que são donos de tudo, entram nos terrenos dos moradores e cortam toda madeira que encontram. Se o pessoal for reclamar eles põe marra, agora estão devastando o terreno da comunidade”.
Ela veio a Parintins pedir ajuda dos órgãos competentes para que tomem providências antes que ocorra uma tragédia na comunidade. “Vim pedir socorro ao Ibama para que vá até o local fazer uma fiscalização. Nunca tivemos esse tipo de problema, agora esse povo chega sei lá de onde, invade nossas terras, devasta as matas e provoca medo. Se os fiscais forem lá vão comprovar que eles trabalham o dia inteiro e muitas vezes entram pela noite cortando madeira”.

Estrago


A interiorana lembra que além da devastação, os saqueadores da floresta estragam muita madeira e já fizeram picos por traz do terreno da comunidade e outro que já atinge a região do Aduacá. “Em toda essa área se observa uma verdadeira devastação. O pior é que eles só aproveitam o âmago das árvores, o resto que poderia ser aproveitado em forros de casas e muitas outras coisas jogam tudo. No meio daquela floresta se vê rastro de destruição e muito resto de madeira apodrecendo”.
O agente federal do Ibama, Geraldo Silva Santos, revelou a reportagem que após a denúncia houve uma mobilização dos agentes na tentativa de conseguir apoio junto a outras instituição para irem até a região averiguar o caso. “O cidadão veio denunciar e ficou de trazer documento para oficializar, mas não retornou”.
A reportagem informou ao agente ambiental que o cidadão denunciante explicou que não oficializou a denúncia por medo de sofrer represálias. Mas o agente garantiu que as pessoas podem fazer as denúncias por escrito e trazer ao Ibama, e afirma, "nós garantimos que o nome do denunciante será mantido em sigilo. E mesmo sem a oficialização da denúncia, assim que conseguirmos barco e combustível, vamos averiguar o caso na região do Uaicurapá e Caburi também”, garantiu Geraldo Santos.


 Ataíde Tenório (ataidetenorio1@hotmail.com)
 Fotos: Arquivo Gazeta Parintins

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