A decisão de assumir a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Limpeza Pública vem acirrando o embate político interno da atual diretoria do
Partido dos Trabalhadores (PT), em Parintins. Alguns petistas afirmam que
Flávio Farias, vencedor da eleição no dia 10 de novembro do ano passado, ainda
não foi empossado nem a executiva local do partido, portanto não poderia tomar
tal decisão. Flávio afirma que vai continuar secretário municipal para resolver
o problema da lixeira pública. Segundo ele, a decisão de assumir a Secretaria
foi um acordo da nova executiva municipal e que a executiva estadual está
ciente dos fatos.
Prof. Lázaro
pede que Flávios deixe o PT para assumir a pasta de secretário da atual administração
O professor Lázaro Teixeira,
ex-vereador pelo partido e candidato do PT a prefeito de Parintins em 2012,
diante dos fatos, encabeça luta pedindo que Flávio deixe o PT para assumir a
pasta de secretário da atual administração. “Passei muito tempo calado, mas não
posso ver o PT, que sempre foi um partido de luta em favor do interesse do
povo, venha a defender um prefeito que enganou o povo. O partido não pode
assumir uma postura de aliado a um prefeito que faz um governo que demonstra
interesse próprio, maltrata o povo, demite centenas de pais de famílias, e sem
projetos, mostra que está fadado ao fracasso”, afirma o Professor.
Lázaro afirma ainda que o diretório
municipal determina diretrizes para o partido seguir e na última reunião
decidiu-se que o PT local não se aliaria ao PSD e deveria fazer oposição a
atual administração. O petista cobra obediência a decisão do diretório. “O PT
não tem dono. Quem manda no partido são os filiados. A diretoria deve obedecer
ao acordo da última reunião, pois as decisões do PT são feitas assim, de forma
coletiva e essa decisão do presidente apoiar a atual administração não foi
discutida. O Flávio veio de outra prática política, se filiou ao PT, ganhou a
eleição e agora acabou metendo os pés pelas mãos. Inclusive dos próprios
filiados do partido que o ajudaram a se eleger”, afirma.
Licença ou expulsão
Ao tomar conhecimento da atitude do
presidente do PT, Lázaro Teixeira considera digna a atitude do vereador Gerson
Morais. “Quando o Gerson sentiu que o PT não era a praia dele, ele foi íntegro
e pediu para sair da Sigla. Não importa as condições, o importante é que no
momento que sentiu não ser petista deixou o partido. Então digo a mesma coisa,
o Flávio não é petista. Ele mostrou isso quando era vereador e, buscando a
reeleição, apoiou o candidatura de Alexandre, apesar do partido ter candidato a
prefeito”, afirma.
Segundo Lázaro Teixeira, há um
processo de expulsão contra o Flávio, mas ele conseguiu reverter a situação.
“Mesmo eleito presidente ele não é petista e ele próprio sabe disso. As
práticas dele não são de petista, por isso, como cidadão e petista, peço que
ele deixe o partido e fique na pasta de secretário, já que é isso que ele quer
desde a época da campanha”.
Por telefone, Flávio Farias afirmou
que a decisão de assumir a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Limpeza
Pública foi do novo diretório municipal do PT, que optou em apoiar a atual
gestão pública, e a decisão da executiva passada não tem mais validade. “Após
empossada, a nova diretoria reuniu e tomou a decisão. Inclusive a ata que
consta a posse foi enviada ao diretório estadual do partido e garanto que
estamos fazendo tudo na legalidade. Tanto é verdade que a executiva estadual
vem a Parintins para formalizar a junção PT/PSD”.
Posse
Flávio Farias garante que a decisão
foi tomada pela maioria da nova executiva
O presidente garante que a decisão
foi tomada pela maioria da nova executiva municipal que tem 15 membros. O grupo
de Antônio Andrade que ficaria com 11 lugares na executiva municipal, segundo
ele, não quis participar da reunião e tentou impedi-lo de tomar posse.
“Optamos em assumir a pasta de secretário de
meio ambiente porque vamos resolver a questão da lixeira em Parintins. Assim
podemos ajudar a cidade a ficar mais limpa, pois vamos fazer o aterro
sanitário. O grupo do Antônio Andrade e a ex-diretoria tentaram me dar uma
pernada e não realizar a posse da nova diretoria. No dia que aconteceria a
posse, eles não mandaram convites. Só por volta de 10h, através de mensagens de
celular, convidaram o pessoal e não me convidaram nem se quer por mensagem. Mas
eles acharam que ficaríamos parados como fez o ex-presidente, David Xavier,
porém providenciamos a posse que foi feita pelo vice-presidente do partido, o
senhor Domingos Brasil junto com a maioria do antigo diretório”.
Quanto à acusação de não ser petista
e ter provado isso na campanha de 2012 com o apoio a candidatura de Alexandre
da Carbrás, feita pelo professor Lázaro, o presidente afirma que vai
processá-lo, por não ser verdade.
Antônio Andrade disse que o PT está
sem presidente em Parintins
Ao ser procurado por nossa equipe,
Antônio Andrade foi enfático ao dizer que no momento o Partido dos
Trabalhadores, em Parintins, está sem presidente, diretório e executiva, pois
foram eleitos, mas não empossados. Ele garantiu que executiva estadual deve
emitir o parecer até o dia 28 deste mês para resolver o problema e as
diretorias serem empossadas, mas revela que o impedimento da posse da nova
diretoria foi a chapa vencedora não estar completa, pois não apresentou a cota
de etnia e pode perder três vagas no diretório municipal.
“As chapas para concorrerem eleição
no PT precisam apresentar 50% de homens e 50% mulheres. Desse total 20%
apresentado tem que ser com filiados com idade abaixo de 29 anos e 20% com
filiados étnicos. A chapa do Flávio ganhou a eleição que pelo resultado daria o
direito a 15 membros na diretoria e nós ficaríamos com 11 membros. Como eles
não apresentaram a cota de negros ou índios, que no caso representa 3 vagas,
perdem vagas e ficam com 12 membros e mais o presidente, e nós ficaremos com 14
vagas. E é isso que a executiva estadual está resolvendo e só após o resultado
a nova diretoria toma posse”, afirma.
Respostas
José Otoni é secretário de assuntos
institucionais do PT no Amazonas
Nossa redação entrou em contado com o
diretório estadual para que eles se pronunciassem sobre o caso e falamos com o
senhor José Otoni Raposo Diorgenes, secretário de assuntos institucionais do PT
Amazonas. Ele garante que, “enquanto a permissão ou autorização sobre os
deferimentos que o presidente municipal do PT em Parintins em assumir um cargo
na administração atual é de total desconhecimento da executiva estadual. Esse
assunto se quer foi colocado em pauta. A executiva estadual não tem
conhecimento do assunto e não legitimou ou deu qualquer aval ou assinou
qualquer coisa dessa natureza. Quando a situação da composição do diretório e
da executiva municipal, o caso está em tramite e o resultado ainda não saiu. E
hoje para dirigir o partido o presidente tem que seguir o estatuto, a
proporcionalidade de cada chapa e os percentuais geracionais”.
O diretor executivo do PT estadual
revela que o PT Parintins apresentou algumas pendências e o presidente, o
diretório e a executiva só poderão tomar posse após á decisão da diretoria
estadual. “Até o dia 28 de fevereiro as pendências devem ser resolvidas. Se as
duas chapas compostas para a eleição em Parintins não apresentarem as cotas de
mulheres, jovens, índios e negros como determina o estatuto do partido, Parintins
deixa de ter diretório e passa a ser uma comissão provisória. Isso está no
regulamento do PT e tem que ser cumprido. Se não houver problema daremos uma
decisão definitiva, compõe-se o diretório, o diretório escolhe a executiva e
tudo termina bem”.
Ataíde Tenório (ataidetenorio1@hotmail.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário