Cachos de banana eram exportados em grande quantidade nos anos 60, diz
agricultor
O
agricultor Sérgio da Silva Muniz, 57, morador da comunidade Nossa Senhora de
Nazaré, região do Zé Açu, procurou a reportagem do Gazeta Parintins para que
sua reclamação chegue a público. Segundo ele, há mais de quarenta anos o Setor
Primário em Parintins está abandonado pelo poder público o que gerou o êxodo
rural no município, teria empobrecido a população e originado muitas mazelas na
cidade. Sérgio revela ainda que sempre lutou pela melhoria do setor primário e
afirma que mesmo após ter sofrido ameaças de morte, permanece no interior e
luta para mudar a realidade que vive o setor no município.
O
agricultor enfatiza que, quando o poder público investia no Setor Primário em
Parintins, a produção de banana, feijão, milho, arroz, maracujá, cacau,
castanha, juta, malva e outros produtos gerava riqueza na cidade. “Os governos
e os prefeitos investiam no setor e havia máquinas beneficiadoras de arroz,
castanha e milho, mas nos últimos 40 anos foram eleitos governantes que
esqueceram o interior, e com a falta de investimento no setor houve o êxodo
rural. Assim como eu, várias pessoas permaneceram na zona rural, pois
entendemos que o interior é a base de sustentação da cidade. Se houver
fortalecimento da agricultura, a economia do município vai aquecer e o povo vai
voltar a ter dinheiro para viver bem”, aposta ele.
Luta
Sérgio Muniz afirma que desde jovem luta pelo fortalecimento da
agricultura no município
Muniz
revela também que desde jovem luta pela volta do fortalecimento da agricultura
no município, e que durante as lutas pelo ideal sofre consequências. “Sei que
vai aparecer um governador ou um prefeito que vai perceber que o fortalecimento
da agricultura pode mudar a realidade de pobreza que hoje vive Parintins. Com a
mudança que acredito que está ocorrendo, vai aparecer um político sério que vai
apostar no setor primário e o município será novamente um grande produtor
agrícola”, acrescenta.
O
agricultor lembra que no fim dos anos 60, os interioranos do município
produziam e exportavam vários produtos agrícolas em grande quantidade. “Em 1968
na terra firme da região, produzíamos muito arroz, banana, milho, mandioca,
macaxeira e até guaraná, as várzeas eram cheias de juta, malva, cacau e também
jerimum, maxixe e melancia. Cansei de ver os garotos na época vendendo produtos
e fazendo compras nos comércios. Agora pergunto: o que houve? Será que a
ambição dos homens da política é maior que o desejo de ver o povo passar bem?
Ou a corrupção tomou conta de seus corações?”
Falta de
investimento
O
interiorano afirma que devido a falta de investimento, o homem do interior se
sente desprezado e migra para cidade achando que terá uma vida melhor, mas sem
estudo e com muitos filhos acaba vivendo as margens da sociedade. “O
interiorano vem para a cidade e deixa de ser um bom agricultor e passa a ser um
pobre a mais na cidade. Ao invés de gerador de produtos agrícolas passa a ser
consumidor. Com isso vai gerando miséria e as autoridades sabem disso, mas não
fazem nada para mudar e a pobreza avança na cidade e no interior”.
Sérgio
lamenta que mesmo vivendo no Amazonas, um Estado banhado pelo maior rio do
mundo, não existe no município uma agricultura forte. “Vivemos praticamente as
margens do maior rio do planeta, uma região rica em água e não temos se quer um
metro de agricultura irrigada. Há muito tempo cobro do governo federal através
do Incra, dos órgãos do governo do estado e entidades voltados a assistência
técnica do setor primário, mas ninguém responde ou faz alguma coisa. Nós temos
terra, mas é preciso fazer a correção do solo para receber os plantios.
Infelizmente estamos longe de sermos assistidos”.
Tristeza
Silva
relata que ao procurar os órgãos de assistência técnica em busca de informações
adequadas, fica entristecido quando não as encontra. “Quando buscamos o Idam,
Cootempa e mesmo a Secretaria Municipal de Abastecimento e Desenvolvimento
Econômico (Sempad) a respeito de assistência técnica, mecanização e insumos
agrícolas, só ouvimos mentiras. Isso nos leva a crer que o Estado e o município
a cada dia ficam a quilômetros dos agricultores. Tenho saudade quando os bancos
tinham dinheiro para os agricultores, hoje qualquer produtor que vai aos bancos
só encontra burocracia”.
Sempad
Samaroni afirma que foi
procurado pelo agricultor para tratar sobre mecanização
Procuramos
o titular da Secretaria Municipal de Abastecimento e Desenvolvimento Econômico
(Sempad) o químico Samaroni da Silva Moura que confirmou ser procurado pelo
agricultor para tratar sobre mecanização agrícola e aquisição de insumo.
“Dissemos a ele que existe por parte do município um plano organizacional em
relação aos serviços de mecanização em terrenos na sede e no interior. O
terreno dele e de outros produtores na área do Zé Açú serão inseridos nesse
cronograma de trabalho”, garantiu Samaroni.
Moura
aproveita e pede aos produtores que procurem os órgãos competentes para que
sejam comtemplados com a mecanização e os alerta sobre as dificuldades para
fazer o trabalho. “A maior dificuldade para realizar a mecanização dos lotes é
destocar a área que receberá a semente. Esse trabalho de destocamento só é
feito com trator de esteira, a partir daí é nivelado, arado, feito a correção
do solo e posteriormente recebe o plantio”.
Mecanização
Segundo o
titular da pasta, o trabalho de preparo do solo é feito pela prefeitura,
através da Sempad em parceria com o Ifam e Embrapa, mas a aquisição do calcário
e as sementes são por conta dos agricultores. O secretário revela ainda que
este ano, o município vai abraçar o desafio do funcionamento do banco de
sementes. “Parintins precisa urgentemente de um banco de sementes para suprir a
necessidade dos agricultores local. Outro objetivo é quanto aquisição do
calcário que hoje geralmente é adquirido de forma particular”.
Quanto às
áreas a serem mecanizadas, o secretário revela que cada hectare é feita
geralmente em três horas com a grade niveladora e a aplicação do calcário, mas
se tiver de destocar o terreno, um hectare pode ser feito em dois ou três dias.
“Garantimos que logo o município terá uma produção agrícola forte. Para isso precisamos
incentivar a policultura, fazer a diversificação de plantios. O interiorano
precisa deixar de plantar só mandioca e apostar em outros produtos como banana,
cenoura, batata, tomate, milho, batata, melancia, jerimum, maxixe e repolho que
já existe aqui uma unidade demonstrativa”, finaliza Samaroni.
Por Ataíde Tenório (ataidetenorio1@hotmail.com)
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