“O
Lanche”
Um senhor trabalhador, expressão
séria, de alcunha “Seu” Dadato, como todo parintinense tendo um tanto de
pavulagem, trabalhava em um barco para sustentar a família, fazendo viagem
Parintins-Caburi.
Devido a coiotagem, “Seu” Dadato foi
chamado na Capitania dos Portos de Parintins, intimado a fornecer um lanche aos passageiros, não
disse nada, mas ficou matutando como fazer, sem
desobedecer os “homens”.
Na viagem seguinte, botou em prática
o que tinha matutado e ofereceu o “lanche” aos passageiros, tudo ia bem até que
um passageiro chama seu Dadato e reclama:
- Poxa seu “Dadato”, esse lanche é
muito mixuruca; um copo de café desses pequenos e duas bolachas!
Respirando fundo, ”Seu” Dadato,
respondeu:
- Ah! Parente, a Capitania me obriga
a entregar vocês vivos, não gordos.
Por FERNANDO SILVA (Jornal Gazeta Parintins - 27 de fevereiro de 2014)
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'O tricicleiro e o saco farinha”
Quem conhece o hoje ex-vereador Walter
Lobato, sabe que ele já ralou muito. Entre as diversas profissões que ele
exerceu, uma delas foi como radialista na Clube de Parintins, onde apresentava
o programa “Comando Popular”. Em cada nova edição do programa, sempre tinha um
acontecimento mais marcante, pela forma popular que exercia o dom da locução.
Pessoas do povo procuravam o radialista para denunciar os acontecimentos
diversos, entre eles roubo de bicicleta, briga de vizinhos, comadres que se
estranhavam, bofes disputados a tapa. Enfim, tudo era notícia.
Um dia, Walter Lobato foi procurado
por uma senhora que queria fazer uma denúncia:
- Seu Walter, eu queria fazer uma
gravação para denunciar uma esculhambação que fizeram comigo, disse a senhora
revoltada.
Lobato atentamente pergunta: minha
senhora o que houve?
- É que roubaram o saco de farinha que
eu trouxe do interior, relata a interiorana.
- Como foi essa estória? Arrematou o
repórter.
A denunciante então narra sua queixa:
quando cheguei da comunidade do Buiuçu, eu peguei um tricicleiro na rampa da
Caçapava, pois é muito longe onde mora minha filha!
- E aí dona? Estimula o repórter.
Revoltada pelo acontecido ela diz: daí
que este corno, (o tricicleiro), sumiu com o saco de farinha que eu “truxe” e
agora tá difícil, pois minha filha mora no Paulo Correa e o homem que ela se
amigou, tá desempregado e o saco de farinha era pra ajudar, e agora não sei o
que fazer.
O repórter concorda: é muito difícil
mesmo minha senhora!
- Daí que ninguém sabe quem é este corno
(o tricileiro repito) e já faz dois dias que ando atrás dele e nada, ninguém
sabe dele!
- Mas minha senhora, será que não dá
pra identificar essa pessoa, algum detalhe sobre ele?
- Não seu repórter, eu só sei que ele
estava usando uma camisa do Garantido!
Por FERNANDO SILVA (Jornal Gazeta Parintins - 20 de fevereiro de 2014)
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Para os
poucos que se aventuram a fazer jornalismo no interior do Estado do Amazonas e
muitos não sabem das inúmeras dificuldades que se enfrenta, para pôr o Jornal
nas ruas, as dificuldades vão desde a falta de papel, tinta, funcionários,
internet, até boicote dos “bacanas”, que incomodados tentam atrapalhar de todas
as maneiras, só porque são “bilionários”. Aí, muitas das vezes, se tem que
“matar um leão por dia” ou até dois. Ou, então, se parte para o improviso, ou
mesmo o amor à camisa (o jornal).
A história
de hoje é de um dos jornais da Ilha, que obviamente não podemos divulgar o
nome.
Um domingo
acontece um homicídio na cidade. Com o jornal funcionando a toda e devido a
concorrência jornalística acirrada, foi mandado imediatamente um repórter ao
local do crime, a casa do homem assassinado, enquanto o diretor acompanha da
redação os acontecimentos.
O repórter,
rapidamente encaminha-se a polícia para os devidos detalhes, tudo anotado e
gravado, até que ele percebe que alguns familiares estão presentes na cena do
crime, rapidamente, o repórter vai ao encontro dos familiares e começa a colher
informações que possam melhorar o noticiário.
Na redação,
o diretor do Jornal, recebe uma informação que pode mudar o rumo da
investigação policial e imediatamente liga para o repórter e pergunta:
-Fulano, o
morto era viado, mesmo?
Sem ação, o
repórter fica mudo, tudo porque, ao receber o telefonema do chefe, estava perto
da família do morto e o telefone do repórter só atendia no viva voz!
Por FERNANDO SILVA (Jornal Gazeta Parintins - 13 de fevereiro de 2014)
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"A Banheira"
Se
apaixonar é comum e normal, porém há muito preconceito, quando uma das pessoas
é mais velha que outra. Um desses trabalham na imprensa de Parintins, que por
serem conhecidos de todos e por motivos óbvios não podemos divulgar os nomes.
Ele com 48 anos, ela com 30, resolvem assumir o “affair”, contra tudo e contra
todos começam o seu “caso”.
Um dia,
para incrementar namoro, já que estavam naquela fase de que o “amor é eterno
enquanto durar, né”, os dois combinamo em ir a um motel da Ilha, porém povoando
a sua fantasia, resolveram ir para um apartamento onde tivesse uma “banheira”,
pedido feito e logo atendido. O funcionário do motel foi ao “AP” e ensinou como
encher a banheira, como ligar e desligar, essas coisas.
Ligada a
banheira, o casal de “Pombinhos influídos”, resolvem namorar um pouco, um beijo
aqui, um toque ali, um amasso aqui, e
estavam tão entretidos um com outro que nem viram o tempo passar, quando de
repente a moça fala:
-Amor, tá
acontecendo algo!
-Porque
você diz amor?
-Amor, tá
acontecendo algo, por que teu sapato, tá boiando.
Resultado,
o cano da banheira tinha quebrado e alagou o apartamento todo, flutuando as
roupas e sapatos do casal de pombinhos. Foi preciso arrombar a porta para que
pudessem sair. Logo, as roupas do casal, os sapatos estavam espalhados no pátio
do motel. Aí o sonho de fazer amor em um banheiro só foi possível um tempo
depois, mas isso é outra história.
Por FERNANDO SILVA (Jornal Gazeta Parintins - 06 de fevereiro de 2014)
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“O GALO”
Foto: blog Brikebom.blogspot.com
Em
Parintins, como em qualquer lugar do mundo, a vida de músico não é fácil, tem
que enfrentar muitos desafios, incompreensões, além das dificuldades naturais
pra vencer na vida. No início da careira, Raimundo Nonato Azevedo, o Rei, teve
essas dificuldades e muito mais.
Recém-casado,
Rei não teve jeito, foi morar na casa do
sogro, o seu Umbelino, na época o todo poderoso dono da melhor quadrilha do
Festival Folclórico de Parintins, a inigualável “Cabras de Lampião”. Morar com
os cunhados, sogro e sogra e a esposa, foi de menos, se ajeitou num quarto,
arrumou umas redes e foi vivendo.
O
problema maior foi que, pela dificuldade de que como músico e amo do Caprichoso
e “cronner” do grupo de pagode Chuva, ele, o Rei, era obrigado a cantar
(trabalhar) de noite e, portanto, chegava de madrugada e logicamente acordava
tarde, às vezes onze horas, meio dia etc.
Para
completar, quando Rei acordava, comia o pão que ficava pra as crianças que
tinham ido pra escola, tomava o café, etc.
Como
a oficina de geladeira do seu Umbelino era do lado da casa, como se diz num
linguajar, seu Umbelino ficava de olho, atento a tudo “ticando o peixe, olhando
pro gato”.
Um
dia, não aguentando a reclamação das crianças que não tinha mais pão, nem café,
seu Umbelino, irritado chama a filha e pergunta na bucha:
-
Minha filha, onde esse teu marido trabalha? Que ele só acorda tarde?
-
Ele canta papai! Responde agoniada CRIS.
-
Ora, minha filha, se cantar desse resultado, o Galo daqui de casa tava rico!
Por FERNANDO SILVA (Jornal Gazeta Parintins - 30 de janeiro de 2014)
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“Tipos de Gafanhotos”
Foto: site Tela Hebraica
Que o parintinense é criativo, isso
ninguém duvida. Um dia, nos mercados da Ilha, um cidadão me chamou e sugeriu
alguns “tipos de gafanhotos”, criticando essa situação que é um acinte a ética
da comunidade da Ilha.
“Tipos de gafanhotos”
Gafanhoto Açúcar: pra entrar na folha
ele é um doce.
Gafanhoto Bodó: engole Bodó com galha
e tudo desde que fique na folha.
Gafanhoto Capoeira: se preciso, ele
dá um rabo de arraia em quem for.
Gafanhoto Cobra: engole qualquer sapo
pra entrar na folha.
Gafanhoto Coca-Cola: quer estar em
todas as folhas, municipal, estadual e federal.
Gafanhoto Edil: além do salário da
Câmara, adora morder uma folha extra.
Gafanhoto Empreendedor: só cuida dos
negócios.
Gafanhoto Fura olho: pra entrar na
folha queima o filme dos colegas.
Gafanhoto Ioiô: vai e volta ao cargo.
Gafanhoto lisura: para entrar na
folha, vive chorando miséria.
Gafanhoto Metralhadora: atira pra
tudo quanto é lado, uma dessa faz ele entrar na folha.
Gafanhoto Puro Sangue: passa a vida
toda só na folha.
Gafanhoto Radialista: passa o tempo
todo, brincando de “Boca de Forno”, fazendo tudo o que o mestre mandar.
Gafanhoto Solidário: até consegue uma
vaga na folha para o irmão.
Gafanhoto Punha mesa: é insaciável e
perigoso, pois não consegue ficar fora da folha.
Gafanhoto Osga: se preciso, solta o
rabo pra chegar onde quer.
Por FERNANDO SILVA (Jornal Gazeta Parintins - 23 de janeiro de 2014)
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“Receptor”
A Ilha tem contos, histórias, causos
etc. Entre as figuras, há o Mathuvelho, personagem impoluto do meio policial no
início dos anos 2000, com inúmeras entradas na delegacia, cumpria pena por
inúmeros delitos cometidos ao longo da vida. Um dia no Natal, havia um evento
no Presídio promovido pela Sra. Nazaré Zacarias, no dia 22 de dezembro aos
presos. Aí, o Mathuvelho não se conteve, com as músicas natalinas, e as
conversas sobre Jesus e se emocionou, chorou, lembrou-se de sua querida
mãezinha e cheio de remorsos foi levado ao delegado.
Jurando mundos e fundos, prometeu
nunca mais delinquir, jamais fazer algo contra o próximo etc. Depois de
inúmeras promessas foi liberado.
No outro dia, ao chegar na orla da
cidade, (na frente da escola Araújo Filho, onde funcionava a feira), o delegado
depara-se com o Mathuvelho, carregando uma bacia de cheiro-verde.
- Mathuvelho, não acredito. Será que
os meus conselhos valeram a pena, vê você trabalhando, vendendo cheiro- verde!
Olha, eu vim comprar dois maços de cheiro-verde, porém, pra lhe ajudar
comprarei dez!
Contente com a venda, o Mathuvelho
segue o seu caminho.
O delegado da época, depois de
entregar o cheiro-verde para a sua cara metade, resvala-se em uma rede em
frente ao muro de arrimo, a espera da bem dita caldeirada. Quando chega uma
senhora e pergunta:
- Meu senhor, eu gostaria de falar,
com o delegado?
- Pois não, sou eu mesmo, a senhora
gostaria...?
- Eu gostaria de denunciar o
Mathuvelho, ele roubou a minha bacia de cheiro-verde!
Por FERNANDO SILVA (Jornal Gazeta Parintins - 16 de janeiro de 2014)
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“O Viagra”
Esta
CRÔNICA é uma obra de ficção e qualquer coincidência é mera coincidência e são
devaneios do autor, que a ficcionou.
Em uma
galáxia muito, distante havia uma ilha, que ficava as margens de um grandioso
rio, que fornecia a toda população alimentos o que proporcionava alegria a esse
povo, que apesar de não ter muita sorte com seus governantes, era um povo muito
religioso e criativo, tão criativo que inventou duas grandes festas, uma
religiosa e outra folclórica. A folclórica tornou-se tão grandiosa que
ultrapassou sua fama para outras galáxias.
Porém, o
seu grande problema era a classe política que havia nessa ilha, o povo mesmo
não consciente do seu poder reagia como podia. Essa crônica relata uma dessas
situações.
Um dia, o governante
da ilha entra em uma determinada Farmácia, que estava lotada e para atender,
havia somente duas balconistas. Pensando ser o tal o governante pergunta, logo:
- Moça,
você poderia me atender?
Indiferente
à balconista diz:
- Espere um
momento que tem gente que chegou na sua frente.
Até que a
moça pergunta:
Pois, não?
-Eu queria
uma caixa de Viagra.
A moça olha
pro governante e diz:
-Não vou
vender pro senhor.
Por que,
retruca o bacana! Eu sou jovem, não tenho problema de saúde, me diga.
-Não vou vender
pro senhor não. Se o senhor já tá “fodendo” a nossa cidade, imagina se tomar
Viagra.
Por FERNANDO SILVA (Jornal Gazeta Parintins - 10 de janeiro de 2014)
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Esta historia foi contada por um
grande amigo meu, que prefiro omitir o nome. Ele me contou que um grande amigo
seu que era um colunista político da ilha, já com uma certa idade e apaixonado por política, resolveu se
apaixonar, nada demais senão por uma cunhantã grande que tinha 18 (
dezoito) anos a menos do que ele. Como
além de colunista político, o mesmo era professor influenciado pela professora
de Literatura da UEA KAROL BENFICA, que aprendeu que “o amor é eterno enquanto
dure”, “O amor é fogo que arde sem se ver / é ferida que se dói e não se sente.
Resolveu embarcar nessa.
Depois de viver um certo tempo com a
referida Cunhã, que é bom que se registre que tinha um dotes e atributos
físicos que chamam atenção, não só pelo comparativo entre os dois, mais também
pela idade dela. Ele adoece, além da gozação dos amigos e jornalistas e da
imprensa em geral (a maioria perde o amigo mais não perde a piada), que
mandavam “sms” acerca dos efeitos e o porquê da doença, o mesmo tinha que
aguentar uma imensa dor que era na “vesícula”.
Alguns dias depois, com muita
medicação os efeitos da dor cessam e o paciente medicado já pode dormir
tranquilo. A cunhã, também exausta devido ao acompanhamento diário ao
colunista, cai no sono e resolve deitar na mesma maca que o doente.
Como é praxe no mundo da enfermagem, existe
uma ronda nas enfermarias, que é aferir a pressão, medicar os pacientes,
verificar a temperatura etc.
Às duas horas da manhã entra na
enfermaria masculina a enfermeira plantonista e encontra a cunha e o Colunista
dormindo juntos. Imediatamente e ciente de suas atribuições, bate no ombro da
cunha e diz.
-Moça, por favor, você não pode
dormir na mesma maca, mesmo que a pessoa seja o seu pai. (O Colunista).
Por FERNANDO SILVA (Jornal Gazeta Parintins - 03 de janeiro de 2014)
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“O CONSELHO”
Com a
modernidade, os protestantes começaram a invadir locais onde eram somente de
católicos, não importando nada nem local, nem distância eles vão mesmo. Porém,
a cultura cabocla está enraizada na alma dos nossos irmãos caboclos de uma forma
perene. Entre elas, o hábito de tomar “umas” doses seja de cachaça, ou de
álcool mesmo. Esse causo é um exemplo disso;
Um dia,
numa certa comunidade de Parintins, um caboclo se preparava pra tomar uma dose
num copo beirando mesmo, cheio, até o talo. Quando ele se aplumava, respirava
fundo e quando ia pegar o copo. Chega um pastor Protestante e travam um
diálogo.
- Meu
amigo, não faça isso! Diz o pastor ao caboclo.
- O que?
Retruca o caboclo!
- Não tome
essa cachaça, por favor, olhe seu fígado, vai ficar numa situação difícil, essa
cachaça vai causar um problema no seu fígado que você nem imagina. E continuou
o sermão. Depois de muito blá, blá, blá, o Pastor faz uma sugestão:
- Meu amigo
eu posso demonstrar pra você o efeito dessa cachaça?
- Sim
claro. Pode sim!
O pastor
pediu então que uma senhora cozinhasse uns ovos. Passado algum tempo, ela
entregou ao Pastor, que mostrou ao caboclo.
Colocou o
ovo dentro do copo de cachaça, e daí dentro de alguns tempos o ovo começou a
mudar de cor, ficando roxo, até ficar quase preto, enquanto isso, o caboclo
assustado e boquiaberto, via tudo com os olhos brilhando, até que ele fala ao
Pastor.
-
Pastorzinho, pelo amor de Deus, depois do que eu vi, eu lhe faço uma promessa
por tudo o que é mais sagrado, agora mesmo lhe prometo, nunca mais eu como ovo!
Por FERNANDO SILVA (Jornal Gazeta Parintins -26 de dezembro de 2013)
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“JARAQUI FRITO”
A geração de jovens parintinense nunca foram acomodadas, principalmente na educação, cultura e na arte. E para muitos desses jovens, o caminho em busca de melhores condições de vida, o caminho era Manaus, que vivia o auge da Zona Franca, década de 70/80/90. Os grupos de jovens parintinenses eram formados por parentesco, por escola ,por rua, ou time de futebol.
Um grupo
formado foi oriundo do Colégio do Carmo, Luis Carlos Souza, Francisco Batista
da silva que em Nheengatu significa
principalmente “Lôla” e “Fabi”,respectivamente.
Rumando para
Manaus, os dois chegaram a capital e o primeiro contato foi a Escadaria dos
Remédios , que á época não oferecia muitas condições de higiene. Famintos
,visualizaram uma “baiuca”, preocupados com o pouco dinheiro ,porém a fome
galopante estava falando mais alto.
Ao chegar na
baiuca, visualizaram uma senhora com um a criança nos braços,
-O que a
Senhora tem pra almoçar? Pergunta Lôla.
-Nós só temos
Jaraqui, responde a Senhora.
-Frito?
-Sim, com
Feijão e arroz.
-Então veja
dois pra nós.
Imediatamente
a senhora abre um fogão já usado que estava dentro da birosca e tira uma
frigideira preta com um óleo que parecia ser usada algumas semanas, preocupados
um olhou pro outro, mais resolveram esperar porque a fome tava falando mais
alto.
A mulher jogou
os jaraquis na frigideira e começou a mexer com um garfo grande. Virando pra cá
e pra ali, a mulher mexia os jaraquis com a criança no colo.
Quando de
repente ouve-se um barulho dentro do fogão, que a mulher abriu e viu uma catita,
com o garfo na mão ela não teve dúvida, enfiou e espetou a catita, feliz com
tal feito, que parecia que ela tinha conseguido o tetra campeonato em
espetamento de catita.
Fabi e Lôla
imediatamente, lembram que tinham uma entrevista de emprego no distrito industrial
e tinha que ser naquela hora, saíram tão rápidos da Escadaria dos Remédios que
nem ouviram a senhora dizer que o jaraqui tava frito.
Por FERNANDO SILVA: graduado em Letras
Língua Portuguesa (UEA), Letras Língua Inglesa (UFAM) e Especialista em Metodologia
do Ensino de Língua Inglesa (UEA), e Colunista Político.
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