No Beco Coronel Barreto Batista moram em torno
de 30 famílias todas atingidas pela cheia
Desesperados, ao ver as águas dos
rios invadirem residências, destruírem seus pertences e oferecerem riscos aos
familiares, moradores das áreas baixas da cidade, em contato com a redação do
Jornal Gazeta Parintins pedem socorro aos órgãos competentes. Eles alegam que
estão abandonados e pedem as autoridades municipal e estadual que encontrem
meios para amenizar o problema.
Uma equipe do Gazeta esteve nas áreas
afetadas e constatou o abandono. No Beco Coronel Barreto Batista onde moram em
torno de 30 famílias, para sair de casa eles se utilizam de uma canoa. Para a
senhora Leia de Souza, 55, “é uma humilhação, pois estamos saindo de casa por
água. Minha filha até ligou e falou com o prefeito Alexandre. Ele disse que
vinha ver nossa situação, mas até agora não veio”, exclamou.
Leia acrescenta: “na eleição, não
medimos esforços e todos de casa votaram nele. E agora esse é o troco que ele
nos dá? Para levar meus netos à escola tenho que sair por dentro d’água para
não se molharem, faço isso de manhã e de tarde. E quando a canoa do meu vizinho
não está, tenho que levar as crianças no colo. Em uma dessas travessias, meu
neto, de um ano e quatro meses, caiu n’água e quase morreu afogado. Já que o
prefeito não resolve nada, peço aos vereadores, deputados e ao Governador que
nos socorram, por favor”.
Dificuldade
Fernando Silva disse que já pediu ajuda, mas nada foi feito
Fernando Silva, 44, há três semanas
sai de casa por água, e adianta que pediu ajuda a Defesa Civil e ao Prefeito,
mas nada foi feito. “Pedimos ao governador Omar Aziz que venha ver nossa
realidade, pois é completamente diferente do que divulga-se em alguns veículos
de comunicação”, comenta.
O senhor Pedro Batista, 54, morador
rua Desembargador João Corrêa com a Quinta da Boa Vista, na Santa Clara, cansou
de esperar pelo município e, com ajuda de familiares e vizinhos, construiu uma
ponte no local. “Fiz, principalmente, por causa das crianças que passavampara
aula e estavam molhando os pés. A maioria estuda no Aderson de Meneses, e se
não tivesse essa ponte, teriam que rodar lá perto do Hospital Jofre Cohen. É
muito longe, por isso fiz esse trabalho”, esclarece.
Pedro afirma que o bairro sempre foi
esquecido pelos prefeitos que já passaram e continua pela atual gestão. “Já
ouvi que construíram pontes em todos os lugares da cidade. Isso é mentira, pois
aqui está no fundo e nada foi feito. A ponte foi a que fizemos com ajuda dos
vizinhos”, frisa.
Batista sugere que se esclareça a
realidade. “Na próxima visita que o Governador e os deputados fizerem a
Parintins, poderiam visitar, conhecer a realidade e ouvir dos moradores das
áreas baixas da cidade a verdade de como vivemos. Se eles ouvirem as mesmas
coisas que muitos ouvem, terão uma surpresa, pois a realidade é completamente
diferente. A verdade é que estamos sofrendo mesmo”, reclama.
Reclamações
Moradores das ruas atingidas pela cheia dos rios se dizem abandonados e pedem socorro ao poder público municipal
A senhora Maria do Socorro, que
também mora na Desembargador João Corrêa, revela que na semana passada esteve
na Defesa Civil onde foi informada que o órgão estaria com uma frente de
trabalho para cobrir os problemas em toda cidade. “Sugeri que fossem
disponibilizadas madeiras, que nós construiríamos essa ponte. Eles ficaram de
dar a resposta, mas até agora se quer vieram aqui”, afirma.
A pedido de moradores, a reportagem
visitou a rua Benjamin Rondon, nos limites dos bairros Palmares e Santa Rita,
NillArmistrong na Francesa e 24 de Janeiro no Itaúna I, próximo ao restaurante
Popular. Em todos os lugares, os moradores se dizem abandonados e pedem socorro
aos poderes constituídos.
Pessoas afirmam que por estarem
sempre em contato com a água, além do perigo de morte por afogamento, podem ser
vítimas de animais peçonhentos, e doenças de veiculação hídrica. Os idosos e as
crianças são os mais vulneráveis.
Defesa Civil
Após as visitas, que aconteceram na
manhã de terça-feira, 21, a equipe procurou a Coordenadoria Municipal de Defesa
Civil, na ruaJonthas Pedrosa. As informações repassadas por Suammy Patrocínio
foi que a Defesa Civil está trabalhando e já atendeu dezenas de famílias. “As
pessoas que estão passando por essa dificuldade têm que vir a Defesa Civil para
que possamos conhecer a realidade deles. Estamos distribuindo madeira e
construindo pontes em todo lugar que o pessoal solicita. Mas é complicado
atender todo mundo só de uma vez”, adianta.
O coordenador informou que na sede do
município existem mil famílias em área de risco e atendem as consideradas de
emergência. “Assim que os locais alagam, realizamos vistoria técnica e saímos
distribuindo madeira e construindo as pontes. Já atendemos, aproximadamente,
200 famílias e inclusive recebemos elogios. As pessoas que forem pedir para ser
retirar das casas, todas serão atendidas”, afirma. Momentos antes do fechamento
desta edição, moradores do Beco Coronel Barreto Batista informaram que a Defesa
Civil construiu a ponte no local.
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Ataíde Tenório
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