Ele
foi acusado de estuprar uma menina em Manaus ficou três anos na cadeia
Foto: Márcio Silva/A
Crítica
O ex-presidiário
Heberson Lima de Oliveira, 32, teve a juventude roubada por um erro da Justiça
do Amazonas e luta para receber do Estado uma indenização. Preso em 2003,
suspeito de estuprar uma menina de nove anos, ele ficou três anos atrás das
grades até que teve a inocência provada. Isolado em uma cela destinada aos
homens que cometeram crimes sexuais, foi estuprado pelos companheiros de cela e
contraiu Aids.
Heberson deixou a
Unidade Prisional do Puraquequara, em Manaus, em 2006, nunca foi julgado e nem
condenado, tudo só foi esclarecido durante uma visita da defensora pública,
Ilmair Siqueira, ao presídio onde conversou com o rapaz e acreditou na versão
dele sobre os fatos. A garota foi abusada no bairro Nova Floresta, e o pai da
vítima acusou Heberson porque teria tido um desentendimento com ele.
Na época, a delegada
pediu a prisão baseada na indicação do pai da menina, mas a investigação feita
depois, apontou que outro homem cometeu o crime. Segundo a defensora, o
primeiro erro do processo foi cometido pela Polícia Civil, e o segundo pela
Justiça por não julgar o caso durante os três anos em que o rapaz passou no
presídio, sendo que a lei determina que a sentença seja dada em até 90 dias.
Em setembro de 2013,
sete anos após a liberdade, pediu na Justiça indenização aos filhos, por danos
materiais e morais. Um relatório foi encaminhado a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos e à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
pedindo atenção ao caso. A ação movida pela defensora desde 2011 pede uma
indenização de R$ 170 mil, valor nunca pago porque o Estado considerou alto.
Comoção
O ex-presidiário se tornou usuário de drogas dentro da detenção e, quando saiu, chegou a arrumar um trabalho, mas não conseguiu permanecer devido ao preconceito. Ele vive com a mãe, sustentados por um salário mínimo. Heberson, mensalmente comparece à Fundação de Medicina Tropical (FMT), em Manaus, para consulta médica no tratamento contra a Aids, e passou a tomar remédios em casa.
Comovido com a
injustiça do Estado, o advogado e professor da área de Direitos Humanos, João
Batista do Nascimento, assumiu de forma voluntária o caso de Heberson. Ele
montou um grupo chamado ‘Pela dignidade de Heberson Oliveira’, conseguiu
tratamento psicológico e médico para o rapaz e pretende escrever o livro
“Justiça que mata: caso Heberson”. Em entrevista ao repórter Vinicius Leal, do
Portal A Crítica ele disse que todo o dinheiro arrecadado com a publicação será
transferido para Heberson. “Ele foi vítima de um erro praticado em cadeia. O
sistema como um todo errou. Isso vai ser esmiuçado no livro. Queremos que seja
feita justiça social a Heberson e que um pouco de dignidade seja dada a ele”,
finaliza o professor. Segundo o advogado, Heberson não tem condições de dar
entrevista sobre o assunto.
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