quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Paciente com fratura exposta é submetido a viagem de barco a Capital do Estado


 Sandro viajou de barco em busca de tratamento em Manaus (Foto: Perfil Facebook)

Após receber a resposta de que o município só disponibilizaria a passagem terça-feira (04) para o universitário Sandro Marcelo Braga, 20, vítima de um grave acidente de trânsito, a família do jovem decidiu levá-lo a Manaus no barco de segunda-feira (03). Preocupada com o estado de saúde do filho que teve fratura exposta, a mãe do rapaz arcou com a despesa do camarote pra ele ter que viajar com um pouco mais de conforto. “A resposta que tivemos da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), foi que segunda-feira não havia possibilidades de adquirir a passagem, somente no dia seguinte. Como tinha urgência pra mandar meu filho, negociamos um camarote com o dono do barco. Não adianta nem reclamar do poder municipal, porque nunca resolvem”, relatou Oracélia Franco.

Recomendação

A técnica em alimentação ressaltou que o médico que atendeu o filho dela no HPC, recomendou que o paciente não poderia viajar em avião UTI porque o transporte não conduz vítimas com fraturas expostas e ressaltou que apenas um avião UTI atende todo o interior do Amazonas. A reportagem procurou a secretária municipal de Saúde, Rainez Rocha, mas fomos informados na Semsa, que ela estava em reunião.
Oracélia disse também que foi informada que o prefeito de Parintins garantiu em uma emissora de rádio que Sandro Marcelo viajou a Manaus em um avião UTI e contradiz a informação. “Se eu tivesse ouvido, tinha ligado na hora para essa rádio, mas não ouvir, pelo menos quatro pessoas me contaram que ouviram”.
Sandro está internado no Hospital 28 de Agosto e passou pela primeira cirurgia ontem a tarde. “A assistente social da Semsa, contactou com o pessoal de Manaus e conseguiu uma ambulância para meu filho que levou ele direto para o hospital assim que chegou lá”.
O Acidente aconteceu domingo (02), às 5h45, na rua Paraíba, Centro, próximo a Praça da Liberdade. Antes de viajar a Manaus o jovem ficou internado no Hospital Padre Colombo (HPC).

 Solidariedade

A vítima completou 20 anos terça-feira (04) e no próximo mês vai ser pai do primeiro filho. “Se Deus quiser vai dá tudo certo, no próximo aniversário vai está aqui de novo. Os amigos dele de futsal, hip hop, estão ajudando com promoções e a esperança é grande que ele possa recuperar o quanto antes. Sabemos que não é fácil, mas quando se crê em Deus tudo é possível”.
Sandro estuda o 3º período de educação física no Instituto de Ciências Sociais Educação e Zootecnia (Icsez-Ufam) e iria atuar na Copa Alvorada de Futsal pelo time Rio Branco. “Não interessa como foi o acidente, a gente vai reunir e tentar ajudar o Sandro. Se Deus quiser, ele vai ficar bem e voltará a jogar conosco. Tivemos notícias de que a coisa que mais pergunta é quando vai voltar a jogar, pois não corre mais o risco da perna ser amputada. Desde já, quem quiser ajudar o nosso amigo é só ligar para (92) 9139-6725”, diz Bruno Melo, amigo da vítima.

Indignação

Luan Cavalcante, também amigo de Sandro, relata que é revoltante o descaso com os pacientes que precisam ir a Manaus em busca de atendimento médico. “É comum ver pacientes indo de barco pra Manaus. Sabemos que demora no mínimo 22 horas para chegar lá nesse meio de transporte, tempo suficiente para se agravar o caso da vítima. Cadê o avião UTI para levar essas pessoas? Se não tem, cadê os órgãos municipais que poderiam providenciar passagens de avião até a capital em caso especial”.
Ele ressalta que pelos menos três pessoas necessitadas de melhores procedimentos médicos foram de barco a Manaus. “Se for esperar ajuda do município, o paciente morre e a tal ajuda não aparece. Dinheiro pra fazer festinha, bancar almocinho tem, e pra ajudar o povo, o cidadão parintinense? Muitos acadêmicos pensam em fazer uma mobilização”.
Uma jovem que pediu para ter o nome preservado relata que está na hora da saúde em Parintins ser colocada em discussão. “A saúde em Parintins está muito doente e não é de hoje. É vergonhoso um Estado da grandeza do Amazonas ter somente um avião UTI, as pessoas morrem não só aqui em Parintins, esperando esse bendito avião”, finaliza.

Geandro Soares

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