Sandro viajou de barco em busca de
tratamento em Manaus (Foto: Perfil Facebook)
Após
receber a resposta de que o município só disponibilizaria a passagem
terça-feira (04) para o universitário Sandro Marcelo Braga, 20, vítima de um
grave acidente de trânsito, a família do jovem decidiu levá-lo a Manaus no
barco de segunda-feira (03). Preocupada com o estado de saúde do filho que teve
fratura exposta, a mãe do rapaz arcou com a despesa do camarote pra ele ter que
viajar com um pouco mais de conforto. “A resposta que tivemos da Secretaria
Municipal de Saúde (Semsa), foi que segunda-feira não havia possibilidades de
adquirir a passagem, somente no dia seguinte. Como tinha urgência pra mandar
meu filho, negociamos um camarote com o dono do barco. Não adianta nem reclamar
do poder municipal, porque nunca resolvem”, relatou Oracélia Franco.
Recomendação
A técnica
em alimentação ressaltou que o médico que atendeu o filho dela no HPC,
recomendou que o paciente não poderia viajar em avião UTI porque o transporte
não conduz vítimas com fraturas expostas e ressaltou que apenas um avião UTI
atende todo o interior do Amazonas. A reportagem procurou a secretária
municipal de Saúde, Rainez Rocha, mas fomos informados na Semsa, que ela estava
em reunião.
Oracélia
disse também que foi informada que o prefeito de Parintins garantiu em uma
emissora de rádio que Sandro Marcelo viajou a Manaus em um avião UTI e
contradiz a informação. “Se eu tivesse ouvido, tinha ligado na hora para essa
rádio, mas não ouvir, pelo menos quatro pessoas me contaram que ouviram”.
Sandro está
internado no Hospital 28 de Agosto e passou pela primeira cirurgia ontem a
tarde. “A assistente social da Semsa, contactou com o pessoal de Manaus e
conseguiu uma ambulância para meu filho que levou ele direto para o hospital
assim que chegou lá”.
O Acidente
aconteceu domingo (02), às 5h45, na rua Paraíba, Centro, próximo a Praça da
Liberdade. Antes de viajar a Manaus o jovem ficou internado no Hospital Padre
Colombo (HPC).
Solidariedade
A vítima
completou 20 anos terça-feira (04) e no próximo mês vai ser pai do primeiro
filho. “Se Deus quiser vai dá tudo certo, no próximo aniversário vai está aqui
de novo. Os amigos dele de futsal, hip hop, estão ajudando com promoções e a
esperança é grande que ele possa recuperar o quanto antes. Sabemos que não é
fácil, mas quando se crê em Deus tudo é possível”.
Sandro
estuda o 3º período de educação física no Instituto de Ciências Sociais
Educação e Zootecnia (Icsez-Ufam) e iria atuar na Copa Alvorada de Futsal pelo
time Rio Branco. “Não interessa como foi o acidente, a gente vai reunir e
tentar ajudar o Sandro. Se Deus quiser, ele vai ficar bem e voltará a jogar
conosco. Tivemos notícias de que a coisa que mais pergunta é quando vai voltar
a jogar, pois não corre mais o risco da perna ser amputada. Desde já, quem
quiser ajudar o nosso amigo é só ligar para (92) 9139-6725”, diz Bruno Melo,
amigo da vítima.
Indignação
Luan
Cavalcante, também amigo de Sandro, relata que é revoltante o descaso com os
pacientes que precisam ir a Manaus em busca de atendimento médico. “É comum ver
pacientes indo de barco pra Manaus. Sabemos que demora no mínimo 22 horas para
chegar lá nesse meio de transporte, tempo suficiente para se agravar o caso da
vítima. Cadê o avião UTI para levar essas pessoas? Se não tem, cadê os órgãos
municipais que poderiam providenciar passagens de avião até a capital em caso
especial”.
Ele
ressalta que pelos menos três pessoas necessitadas de melhores procedimentos
médicos foram de barco a Manaus. “Se for esperar ajuda do município, o paciente
morre e a tal ajuda não aparece. Dinheiro pra fazer festinha, bancar almocinho
tem, e pra ajudar o povo, o cidadão parintinense? Muitos acadêmicos pensam em
fazer uma mobilização”.
Uma jovem
que pediu para ter o nome preservado relata que está na hora da saúde em
Parintins ser colocada em discussão. “A saúde em Parintins está muito doente e
não é de hoje. É vergonhoso um Estado da grandeza do Amazonas ter somente um
avião UTI, as pessoas morrem não só aqui em Parintins, esperando esse bendito
avião”, finaliza.
Geandro Soares
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