quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Aterro controlado ou lixão a céu aberto?





           Local está tomado por urubus e exala um odor insuportável, afirmam moradores do Dejard Vieira


Moradores dos bairros Dejard Vieira, João Novo, Pascal Allágio e estudantes da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), reclamam que sem os serviços adequados para acondicionamento do lixo, o Aterro Controlado de Parintins virou um verdadeiro lixão a céu aberto. Eles afirmam que estão sofrendo, pois o local está tomado por urubus, exala um odor insuportável e casas e quintais das proximidades são invadidos por moscas e ratos. De acordo com a secretária de Serviços Públicos do Município, Fabiana Campelo, o problema foi gerado pela falta de licenciamento da empresa para remover o aterro e fazer o recobrimento do lixo e a máquina que faz o serviço quebrou, mas o município trabalha para solucionar o problema.
O presidente do bairro Dejard Vieira, Mário Uchôa, informa que há mais de dois meses as máquinas que faziam os serviços de compactação e cobertura do lixo não estão mais no local. “O pessoal da prefeitura diz nos meios de comunicação que o Aterro Controlado está uma maravilha. Mas para quem mora no Dejard Vieira, Pascal Allágio, João Novo e outros bairros próximos, sentimos na pele e convivemos com esse fedor. Moscas e urubus provenientes pela falta do serviço que deveria e não está sendo feito causam problemas, é um verdadeiro lixão a Céu Aberto”.

                  Gastos

      Mário Uchôa informa que há mais de dois meses as máquinas não estão mais no local

Uchôa revela que mesmo após milhões de reais investidos no Aterro Sanitário, as coisas por lá ficam cada dia pior, e quando chove a água provoca o deslocamento do chorume para os quintais, espalha por todo o bairro e deságua no leito do lago do Macurany. “O trabalho que faziam de aterrar o lixo não está mais sendo feito. Quando chove vivemos momentos de desespero. Fico triste porque sso oferece risco à saúde das pessoas e o pessoal do Prefeito vai pra mídia e tenta plantar uma coisa que não está acontecendo. Quando fazem eventos voltados a esse problema do lixo não nos convidam a participar, e quando procuramos o coordenador de Meio Ambiente e a Secretária de Serviços Públicos Fabiana Campelo não nos atendem”.
Ele comemora a possibilidade da retirada da lixeira daquele local, mas apela às autoridades que a transferência seja feita de maneira criteriosa para que o problema não seja transferido para outra área. “Querem transferir a lixeira para a Vila Amazônia e peço que façam um estudo minucioso e implantem lá um Aterro Sanitário para que as pessoas não sofram o que sofremos aqui. O sofrimento que vivemos não quero pra ninguém. Se fizerem da forma que é feito aqui, vão transferir o problema que até agora estamos vivendo”.

                 Sofrimento

   Ivone Eleutério diz que o odor é insuportável e às vezes chegam a passar mal

A Conselheira Universitária Discente da UEA, e representante do curso de enfermagem, Ivone Eleutério, revela que há dias quase impossível para os estudantes se concentrarem nos estudos. “Alguns dias a situação fica realmente insuportável, principalmente quando chove. O odor é mais intenso à tarde e no início da noite. Em alguns momentos o mau cheiro insuportável chega a fazer a gente passar mal. Nesses momentos não podemos se quer abrir as portas das salas, senão ninguém aguenta”.
Segundo Ivone, quando chove ficam com problema de estudar e fazer as refeições. “Se estudar com o mau cheiro já fica difícil, imaginem ter que ficar nos ambientes fora das salas de aulas para almoçar e jantar, é um verdadeiro castigo. O pior é que as autoridades nada fazem para dar um fim ao problema, pois está afetando milhares de pessoas. Se nós que só ficamos naquela área por algumas horas já sofremos, quem mora nessa área é que deve sofrer mesmo. Está na hora de alguém chamar para si a responsabilidade e sanar o problema”.

David Xavier diz  que o problema havia amenizado, mas voltou a se agravar


O diretor da UEA, professor David Xavier, afirma que o problema da lixeira ocorre há doze anos, havia amenizado, mas voltou a se agravar. “Na minha concepção, a ausência do tratamento devido nos últimos dias na lixeira, causa o odor insuportável. Já informei ao doutor Antônio Strosck, diretor do Ipaam solicitando apoio técnico para que seja minimizado o problema. Os governantes precisam o mais rápido possível reduzir esse impacto, pois estão lhe dando com seres humanos”.

                        Revelação


             Aterro Sanitário há três meses virou um lixão a céu aberto, diz um trabalhador do local


Um cidadão que já trabalhou na lixeira e pediu para não ser identificado com medo de represália, afirma que pelo menos duas empresas contratadas para realizar os serviços para tornar o lixão em Aterro Controlado abandonaram os trabalhos. “Muitos no local diziam que as empresas tiveram dificuldade em continuar trabalhando por falta de verba. Agora o local há pelo menos três meses virou um verdadeiro Lixão a Céu Aberto. Isso aconteceu porque o lixo não está mais sendo aterrado e quando chover vai piorar ainda mais. O único trator que ainda estava no local foi embora”, relata.
Conforme o cidadão, o local não oferece as mínimas condições de trabalho e o descaso impera. “Eu conheço esse tipo de serviço e tenho certeza se a lixeira for transferida para a Vila Amazônia, vai ser pior do que estamos vendo aqui. Querem jogar o problema para longe da cidade, pois acreditam que ninguém vai reclamar”, revela.

                   Secretária

        Fabiana Campelo diz que o mau cheiro, mesmo com serviços realizados, devem continuar

Em contato com a reportagem do Gazeta Parintins, a Secretária de Serviços Públicos de Parintins, Fabiana Campelo, afirma que os serviços só não foram feitos na terça-feira (10), porque a máquina de esteira que faz o trabalho deu problema, mas no dia seguinte estaria de volta na lixeira.
“Realmente não está acontecendo os serviços de recobrimento do lixo no Aterro Controlado, mas estamos utilizando outra técnica de recobrimento com material inerte que também é muito utilizado no recobrimento do lixo. Isso aconteceu porque não temos uma empresa licenciada para remover material que serve para realizar o serviço de recobrimento dos resíduos. Mas a empresa que vai fazer esse trabalho já conseguiu uma licença junto ao Ipaam e já estamos vendo os aspectos legais para contratação dos serviços”, afirmou Fabiana.
A secretária adianta que o mau cheiro gerado pela lixeira mesmo que os serviços voltem a ser feitos no local deve continuar. “O odor sempre vai ter porque o lixo está em decomposição e não tem como acabar. Por mais que tenhamos uma eficiência na parte de compactação e o recobrimento, sempre vai haver o odor característico do lixo, tem época que se consegue reduzir, mas tem época que não dá”.



                       Casa do bairro Pacoal Allágio invadida por urubus

       Texto e fotos

ataidetenorio1@hotmail.com

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